segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O analfabetismo político e a proibição da política nas escolas

Por Wiliam Felippe
(candidato a vice-prefeito pelo PSTU na Frente de Luta Socialista (PSOL – PSTU) de Taboão da Serra)



O Analfabeto Político (B. Brecht)
O pior analfabeto é o analfabeto político.
O analfabeto político é tão burro que se

Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a
política.
Não sabe, o imbecil, 
que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado,e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.

Nesta campanha eleitoral temos tido a oportunidade de conversar sobre a realidade política municipal, nacional e até mundial com os operários nas portas de fábricas, com os funcionários de obras da prefeitura, com os trabalhadores nos bairros populares e nos centros comerciais. Mas, quando chegamos numa escola os portões estão fechados para a discussão política.


Muitas vezes, diretores, vices, coordenadores e supervisores, na sua maioria nomeados pelas prefeituras e pelo governo do estado, tentam nos enxotar dos portões das escolas, alegando que “é proibido” discutir política mesmo na porta da escola ou que temos de ficar a 100 metros de distância. Mas, quando viramos as costas, estes mesmos serviçais do poder abrem as portas de “suas” escolas aos senhores deputados, vereadores, prefeitos e secretários dos partidos governantes. Nas festas juninas e nos eventos para a distribuição de uniformes e materiais escolares, campanhas de vacinação e outros, são montados verdadeiros palanques eleitorais para comícios dentro das escolas onde os políticos profissionais tentam enganar a juventude e a comunidade escolar com sua politicagem clientelista e manter seus currais eleitorais. Estes mesmos dirigentes escolares proíbem ainda a discussão dos problemas relacionados às más condições de trabalho, que atentam contra a saúde e integridade física dos trabalhadores e crianças. Ao mesmo tempo em que ostentam em seus carrões os adesivos de seus chefes candidatos. Partidos como o PT levam seus políticos profissionais para dentro de “suas” escolas com o argumento de discutir “questões relevantes” para a comunidade, mas que se resumem a buscar a cooptação para seus planos de governo. Mas, é claro, nada disso é fazer política na escola!

Este clientelismo político é praticado de forma escancarada e cínica nas redes municipais. Na rede estadual é feito de forma mais encoberta e mediada pela poderosa burocracia escolar. 

A proibição da política na escola visa excluir os partidos operários, socialistas e revolucionários que têm como principal método a discussão política nos locais de trabalho, estudo e moradia, num diálogo direto e não midiático com os explorados e oprimidos. O que é proibido é utilizar as campanhas eleitorais para seguir mobilizando e conscientizando a juventude e os trabalhadores para que lutem por seus direitos.

Existem sim dirigentes escolares que buscam um relacionamento democrático com os trabalhadores, estudantes e comunidade, mas estes são a exceção que confirma a regra acima descrita.

Infelizmente também encontramos nas escolas muitos professores que nos fulminam com seus olhares repreensivos, fazendo-nos sentir como pecadores dentro da sacristia: como ousam macular a Escola com a política?! Reproduzem desta forma os argumentos dos que detêm o poder.

A burguesia e seus lacaios sempre buscaram manter a política revolucionária longe das escolas. Na história mais recente, a política foi banida das escolas pelos militares do golpe de 64. Mas, no calor das lutas contra a ditadura militar, no final dos anos 70 e nos anos 80, a política invadiu as escolas, subverteu a ordem e tomou pela goela a burocracia escolar, que naqueles tempos defendia a ditadura, como os de agora defendem a “democracia”, quer dizer, a democracia dos ricos e corruptos. A política foi levada de volta às escolas pelas mãos da vanguarda que se mobilizava nas ruas e nas greves, muitos deles professores e trabalhadores da educação, que discutiam abertamente a política com os estudantes. A juventude recebia dentro da escola a sua primeira educação política.

Não sabem os professores de hoje que, ao se recusarem ao debate político no interior das escolas condenam-se a si mesmos ao analfabetismo político? E, o que é ainda pior: colocam-se como obstáculos ao acesso da juventude à formação e participação política, condenando também nossos jovens ao analfabetismo político, que, como se sabe, é ainda mais nocivo do que o analfabetismo da língua.

No meio deste deserto de conscientização política em que se transformaram as escolas, alguns poucos e bons exemplos devem ser destacados, como a iniciativa de professores da Escola Estadual Edgard Francisco, em Taboão da Serra, que promoveu uma sabatina dos candidatos a prefeito. A participação da juventude foi intensa. Não tivermos conhecimento de outros debates políticos realizados nas escolas de Taboão, Embu e região e mesmo em São Paulo, foram poucos.

A juventude tem que tomar para si o debate e a luta política, rebelando-se contra a falsa e hipócrita proibição da política nas escolas. Tem que subverter novamente a ordem, como nós, hoje mais velhos, fizemos nos anos 70 e 80. Tem que tomar novamente pela goela a maioria de diretores, vices, coordenadores e supervisores obscurantistas, que proíbem a política revolucionária para beneficiarem e serem beneficiados com a politicagem dos donos do poder (PSDB, PT, PC do B, PSB, PMDB, PDT, PV, PSD, etc). A juventude tem que ensinar aos professores ingênuos, que se sentem muito sábios falando de “proibição da política nas escolas”, o poema de Brecht.

Do interior dos trabalhadores da educação deve se destacar uma coluna de professores e profissionais com consciência política de classe, que milite para superar o analfabetismo político de sua própria categoria profissional e volte a colocá-la na vanguarda das lutas políticas do país. E, desta forma, se colocando como aliados e incentivadores da politização revolucionária da juventude.

Abaixo o analfabetismo político!
Pela liberdade de discussão política no interior das escolas!
Fora os gestores autoritários, ladinos e hipócritas!
Eleição direta para diretores e coordenadores escolares!
Por uma escola democrática!


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