segunda-feira, 1 de junho de 2015

Sobre os rumos da greve dos professores da Rede Estadual de São Paulo

Nota do PSTU Taboão, Embu e Itapecerica
sobre os rumos da greve dos professores da Rede Estadual de São Paulo 
(1/6/2015)

SUSPENDER A GREVE.
CONTINUAR A LUTA CONTRA O ARROCHO DE ALCKMIN E DILMA.

No dia 3 de junho, as professoras e professores da Rede Estadual de São Paulo completarão 83 dias de greve em defesa da Educação Pública, do emprego, salário e condições de trabalho. Nossa greve, com dezenas de manifestações na capital e nas principais cidades do estado, mais as mobilizações de outros setores do funcionalismo e das estatais (Fundação Casa, USP, Metrô, Sabesp, Saúde, merendeiras) forçou Alckmin a recuar de sua política de Reajuste Zero para o funcionalismo. Contudo, não conseguimos acumular a força necessária para derrotar a política de arrocho e truculência do governador.
Depois de quase três meses de muita luta, nossa greve encontra-se neste momento reduzida a poucas escolas e regiões do estado. O corte de salários obriga muitas professoras e professores a retomar o trabalho, ameaçados pelo acúmulo de dívidas e até pela fome.


A greve está isolada da maioria dos professores que estão trabalhando e seu prolongamento ameaça nos isolar ainda mais dos alunos, mães e pais, que se preocupam com a reposição das aulas. Apesar dos dias de luta unificados de 15 de abril e 29 de maio, e de estarem ocorrendo ao mesmo tempo inúmeras greves e lutas populares e estudantis no país, estas lutas não estão coordenadas e unificadas num movimento único contra os governos e os patrões, o que permite que sejam golpeadas e desgastadas separadamente, como acontece com a nossa greve.
Este enfraquecimento e isolamento da greve nos ameaça com o perigo de um golpe traiçoeiro de Alckmin (a exemplo do que fez com os metroviários no ano passado) contra a corajosa vanguarda dos Comandos de Greve que vem organizando a greve e as manifestações.
Esta situação objetiva nos obriga a mudar de tática para seguir nossa luta: suspender a greve para que possamos recompor e reorganizar nossas forças junto aos demais trabalhadores, dentro e fora das escolas e também junto aos alunos, mães e pais que vem nos apoiando desde o início da greve. Neste momento, devemos centrar nossa atividade na organização dos Fundos de Greve de ajuda aos grevistas, organizando atividades junto às comunidades das escolas.
Chamamos as correntes de oposição na Apeoesp à responsabilidade de apontar este rumo correto para a nossa luta. 

POR QUE NÃO CONSEGUIMOS DERROTAR ALCKMIN?

Para nos prepararmos para as próximas batalhas de nossa luta permanente em defesa da Educação Pública temos que aprender com as preciosas lições da nossa greve e entender quais são as limitações e obstáculos que enfrentamos para derrotar Alckmin e sua política de arrocho. A nosso ver, podemos resumi-los em três:

1) A política de arrocho e truculência de Alckmin, imposta sobre o funcionalismo de São Paulo há 20 anos pelos governos do PSDB, está hoje fortalecida pelos planos de arrocho, desemprego e precarização (o chamado Ajuste) aplicados pelo governo Dilma e o Congresso Nacional. Há uma unidade de todos os governos, seja de esquerda ou de direita, para jogar nas costas dos trabalhadores a crise capitalista, para seguirem usando os recursos públicos para engordar os lucros dos banqueiros, empreiteiros e grandes capitalistas, e enriquecer os políticos corruptos.

2) Alckmin, assim como os demais governantes, agem com truculência contra os trabalhadores em luta,  como vimos no massacre do bairro Pinheirinho,  na demissão de 42 metroviários e na suspensão por 60 dias aplicada pelo prefeito de Taboão contra a professora Sandra Fortes. Para isso, contam com o apoio da Justiça para criminalizar as greves e lutas com corte de salários, proibição da entrada dos comandos nas escolas, multas por fechamento de vias públicas, obrigação de colocar 80% de professores nas escolas (imposição do TJSP aos professores e funcionários grevistas da prefeitura de Itapecerica, a mesma imposta aos garis). A repressão policial é cada vez mais violenta, como vimos no grande aparato policial mobilizado para intimidar nossas manifestações (Alckmin só não mandou baixar o pau por medo de ficar queimado como Beto Richa, o carrasco dos professores e funcionalismo do Paraná). Os poderes legislativos seguem sendo fiéis aplicadores da política de arrocho sobre os trabalhadores (aprovação das MPs de Dilma e do projeto da terceirização no Congresso Nacional e do confisco da Previdência do funcionalismo do Paraná pelo legislativo local), e a mediação prometida pelos deputados da Alesp para que Alckmin negociasse não passou de enrolação. A grande imprensa controlada pelos patrões e o governo boicota as informações à população sobre nossas condições de trabalho e nossas lutas.

3) O maior obstáculo à vitória da nossa greve, assim como da greve dos professores e servidores do Paraná, Pará e de outras categorias é a divisão de nossas lutas imposta pela burocracia que controla os sindicatos, como a direção majoritária da Apeoesp, formada pela CUT/PT e CTB/PCdoB e encabeçada por Bebel. Nossa greve começou sem nenhuma preparação na base, antes da negociação marcada com o governo para 23/3, porque Bebel/CUT/PT buscaram usar a categoria como massa de manobra de apoio ao governo Dilma na manifestação de 13/3. Durante a nossa greve explodiram greves de professores e funcionários públicos em vários estados e municípios, mas a CUT e a CTB que dirigem a CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) nada fizeram para unificar estas lutas, seguindo o exemplo da CUT nacional e demais centrais sindicais governistas (CTB, UGT, etc) ou direitistas (Força Sindical) que se recusam a convocar uma greve geral contra as demissões, o arrocho salarial e os ataques aos direitos dos trabalhadores. É preciso destacar também o papel nefasto dos pelegos do CPP, APASE, UDEMO e AFUSE que boicotaram nossa greve e encenaram junto com Alckmin/Hermann uma falsa negociação que teve como objetivo excluir a Apeoesp.

CHEGA DE DILMA, ALCKMIN, PT, PSDB E PMDB! POR UMA GREVE GERAL CONTRA OS PLANOS DE ARROCHO, DEMISSÕES E CORTES DE DIREITOS!

Contra estes obstáculos, temos que avançar em três tarefas no próximo período:

1) Dirigir nossa luta contra os governos e a política de arrocho de Dilma e Alckmin e seus cúmplices do Congresso Nacional e da Alesp, não depositando nenhuma confiança na Justiça que está a serviço dos governos e dos capitalistas. Temos que lutar por um verdadeiro Governo dos Trabalhadores sem patrões, nem corruptos, que decrete a suspensão do pagamento da dívida pública aos banqueiros e agiotas nacionais e internacionais para aplicar estes recursos na Educação, Saúde, Moradia Popular e na melhoria das condições de vida e de trabalho da classe trabalhadora.

2) Unificar nossa luta com os demais trabalhadores e o povo pobre numa Greve Geral para derrotar os planos de arrocho de Dilma, Alckmin e o Congresso Nacional. Exigir dos sindicatos, centrais sindicais e dos movimentos populares, estudantis e camponeses que convoquem e organizem a greve geral pela base nos locais de trabalho e de estudo e nos bairros populares. Os professores também devem construir esta unidade junto aos demais trabalhadores da educação nas escolas (inspetoras, secretárias, merendeiras e faxineiras) e junto aos alunos, mães e pais. Contra a frente única dos governos e políticos corruptos e patrões temos de opor a Frente Única dos Trabalhadores e do povo pobre.

3) Construir com a vanguarda das lutas uma nova direção política para derrotar a burocracia e reorganizar pela base os sindicatos e movimentos de luta. O PSTU e a CSP-Conlutas são ferramentas à disposição dos trabalhadores para avançar na construção desta nova direção para nossas lutas. Convidamos as trabalhadoras e trabalhadores conscientes a vir construir conosco estas ferramentas de luta.



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