sexta-feira, 20 de maio de 2016

Histórias quilombolas: filmografia e bibliografia básicas


Cena do filme Ganga Zumba, de 1964

A imortalidade de Palmares


Nesta série de artigos iremos abordar uma série de elementos vinculados à história da luta quilombola, particularmente na Serra da Barriga, focados em uma questão fundamental: o ousado projeto de autodefesa construído pelos palmarinos e que foi capaz de manter o quilombo por cerca de 100 anos. Este é o 5º artigo.



Américo Gomes, de São Paulo (SP)



Praticamente não há como sair de São Paulo sem atravessar uma rodovia nomeada em homenagem a um bandeirante. A Anhanguera vai em direção ao norte do estado; a Fernão Dias segue para Minas Gerais e a Rodovia Raposo Tavares vai para o Oeste, em direção ao Mato Grosso.

As investidas de Jorge Velho começaram, com um enorme fracasso, em 1692, quando, para preparar o ataque, o bandeirante enviou, primeiro, um grupo com mantimentos para fazerem a refeição da tropa. Os quilombolas se aproveitaram e atacaram este grupo, confiscando os mantimentos e matando os invasores. Quando chegaram ao local, o bandeirante e sua tropa não tinham nem sequer o que comer.

Certamente todos que viram aquela cena medonha se convenceram que Zumbi estava morto. Mas, como bem sabemos, estavam enganados. Hoje, quando nos lembramos da luta de Palmares, evidentemente lamentamos a morte de Zumbi, Dandara e todos os milhares de quilombolas que alimentaram de forma tão vigorosa e bela o sonho da liberdade de todos os negros e negras que foram escravizados. O fim de Palmares ainda nos dói no peito. Mas, o que sacode nossos corações e mentes é uma outra história.

A fúria dos colonizadores durante um século de resistência



Nesta série de artigos iremos abordar uma série de elementos vinculados à história da luta quilombola, particularmente na Serra da Barriga, focados em uma questão fundamental: o ousado projeto de autodefesa construído pelos palmarinos e que foi capaz de manter o quilombo por cerca de 100 anos. Este é o 4º artigo.



Américo Gomes, de São Paulo (SP)
Terço dos Henriques: o batalhão negro que atacou os quilombos

Ataques e contra-ataques


Em 1664 houve uma nova tentativa e, desta vez, a expedição perdeu-se na mata, ficando andando em círculos por um mês. A de 1667 conseguiu fazer um mapeamento da área e exterminou um mocambo, mas com o estado economicamente quebrado, teve que recuar. E mais uma vez os soldados negros do Terço dos Henriques participaram destas expedições, agora sobre o comando do capitão negro Agostinho da Silva.

Na contramão: o acordo do Cucaú


Desgastado por estes ataques e perdendo a confiança na possibilidade de resistência de seu povo, o principal dirigente de Palmares na época, Ganga Zumba, enviou uma delegação ao Recife, em 1678, para negociar com o governador, que, de imediato, lhe propôs incorporar a Colina Palmares à Coroa Portuguesa. A importância do Quilombo e, ao mesmo tempo, os esforços para cooptar o líder palmarino podem ser demonstradas pela pompa e tratamento de “chefe de Estado” com que foram dados à comitiva de Ganga Zumba, formada por 11 pessoas, entre elas seus filhos e líderes militares.

A história de Palmares é a história de ataques permanentes, mas também de uma resistência heróica. A quantidade e intensidade de conflitos são praticamente incomparáveis a qualquer outro processo de revoltas ou rebeliões no país. A depender das fontes de pesquisa, foram 16 ou 17 ataques, no mínimo, no decorrer dos cerca de 100 anos em que o quilombo resistiu.

Autodefesa e os guerreiros e guerreiras da liberdade





Américo Gomes, de São Paulo (SP)

A indústria de guerra quilombola


Em resposta à quantidade e à intensidade de ataques que sofreu, particularmente a partir da saída dos holandeses, por volta dos anos 1650, os quilombolas desenvolveram um vigoroso sistema de autodefesa e ações militares. No início, eles se utilizaram da chamada “guerra de movimentos” (ataques relâmpagos), aproveitando as peculiaridades geográficas da região, que permitiam aos guerreiros a possibilidades de montar emboscadas, atacar e depois se embrenhar na mata e encobrir as posições de suas povoações, raramente entrando em combate aberto.  

O povo em armas


Em Palmares, era o povo que tinha as armas em suas mãos. Mas, com um contingente militar permanente, profissional e com hierarquia interna. O mocambo de Subupira servia como quartel general e local de formação e treino militar. Os quilombolas ainda contavam com algo que, hoje, chamaríamos de “serviço de inteligência”: um sistema de comunicação permanente com os que se encontravam escravizados nas plantações e engenhos, aliados indígenas e, inclusive, comerciantes portugueses que os alertavam de expedições punitivas com antecedência.

Palmares: onde tudo é de todos e nada de ninguém














Nesta série de artigos iremos abordar uma série de elementos vinculados à história da luta quilombola, particularmente na Serra da Barriga, focados em uma questão fundamental: o ousado projeto de autodefesa construído pelos palmarinos e que foi capaz de manter o quilombo por cerca de 100 anos. Este é o 2º artigo.




Américo Gomes, de São Paulo (SP)

Liberdade guerreira

A importância do Quilombo dos Palmares, contudo, não reside apenas em sua duração e extensão, mas sim, e acima de tudo, no fato de ter sido, nas palavras de Clóvis Moura (em “Quilombos: resistência ao escravismo”, de 1993), “a maior tentativa de autogoverno dos negros fora do Continente Africano” (p. 110).

As mulheres no centro da vida quilombola

Esse conselho deliberava inclusive sobre a organização familiar no quilombo, pensada também em função da consolidação e defesa da comunidade. Curiosamente, na parte do documento em que Inojosa faz menção a isto, também podemos entrever o papel das mulheres na República Palmarina. De forma totalmente oposta àquele exercido pelas mulheres brancas na sociedade colonial, as negras que haviam se libertado de seus senhores tinham importância fundamental e decisiva tanto na organização da vida familiar quanto na manutenção e defesa do quilombo.

Uma sociedade radical e igualitária


Para o PSTU, a luta negra deve ser de “raça e classe” porque acreditamos que o racismo só será definitivamente vencido quando o mundo em que vivemos tenha plena igualdade econômica, política e social, exatamente para que possamos exercer plenamente nosso direito à diversidade, às “diferenças” (sem que elas se tornem desigualdades). Ou seja, só seremos livres quando construirmos o que chamamos de um “quilombo socialista”.

Quilombos: sinônimos de organização e luta


No dia 6 de fevereiro de 1694, o Quilombo do Palmares foi destruído. Na série de artigos que iniciamos agora iremos abordar uma série de elementos vinculados à história da luta quilombola, particularmente na Serra da Barriga, focados em uma questão fundamental: o ousado projeto de autodefesa construído pelos palmarinos e que foi capaz de manter o quilombo por cerca de 100 anos.

Américo Gomes, de São Paulo (SP)




Quilombo: um mundo para além da Colônia

Em nosso país, os primeiros quilombos surgiram em Pernambuco e na Bahia por volta dos anos 1550 e, desde sempre, se formaram como uma negação do sistema colonial por parte dos oprimidos, como também já foi dito por Clóvis Moura, em “Quilombos: resistência ao escravismo” (1993): “Não foi uma manifestação esporádica de pequenos grupos de escravos marginais, desprovidos de consciência social, mas um movimento que atuou no centro do sistema nacional, e permanentemente” (p. 31).

Inimigos públicos número um

Ciente da ameaça que os quilombos significavam, o Conselho Ultramarino da Coroa Portuguesa os considerava um perigo constante e estratégico para o projeto colonial já que eram um estímulo permanente para a fuga de escravos, serviam como base e abrigo para expedições que atacavam fazendas, engenhos e vilas e, o pior de tudo, apontavam para a permanente possibilidade de se constituir uma tropa negra capaz de dominar militarmente, com apoio dos escravos revoltados, as cidades no seu entorno.



“Na história concreta, é visível que a conquista, a escravidão, o roubo, o assassinato, em suma, a força, é que entram em cena... Os métodos de acumulação primitiva nada têm de poéticos”
“A chamada acumulação originária”  (Karl Marx, O capital, v. 1)
Os quilombos foram estruturas organizacionais, políticas, sociais e militares formadas por negros e negras que se libertavam da escravidão que, como lembra Clóvis Moura, em “Rebeliões da Senzala” (1988), espalharam-se por todo território brasileiro, já que, “em todas as partes da Colônia em que surgiam a agricultura e a escravidão, logo os quilombos apareciam enchendo as matas e pondo em sobressalto os senhores de terras” (p. 69).
Formas de organização e luta que chegaram, literalmente, com os primeiros homens e mulheres seqüestrados da África e trazidos para cá. Pois, como já foi destacado por Kabengele Munanga em um ensaio intitulado “Origem e histórico do quilombo na África”[1], a palavra é de origem bantu e já era empregada pelos povos que habitavam o sul do continente (principalmente nos atuais territórios da Angola e do Zaire, de onde vieram muitos de nossos ancestrais) para designar um tipo muito específico de “instituição sociopolítica e militar”.

domingo, 15 de maio de 2016

Camponeses acampam em frente ao Congresso Nacional contra os ataques do governo Cartes

Há mais de um mês, em Assunção, camponeses estão acampando em frente ao Congresso Nacional contra o governo Cartes que endurece o saque e a exploração de pequenos agricultores empobrecidos e excluídos do país. Cartes e os parlamentares a ele ligados mostram-se muito generosos para a minoria capitalista do agronegócio, cada vez mais rica, protegendo e promovendo o modelo de monocultura de soja para exportação. O governo se recusa a tributá-los e visa exterminar o campesinato como um setor social, aprofundando o processo de descamponeização e liquidação dos camponeses e da agricultura familiar indígena. Ou seja, a perseguição aos setores de menor renda ocorre ao mesmo tempo em que é dada a “anistia” aos empresários ricos e donos do país.

Livros sobre opressão das mulheres


Vamos falar de NÓS, MULHERES!

Precisamos parar um pouquinho e olhar para esta realidade e começarmos a questionar: Sempre foi assim? Sempre fomos o 'segundo sexo'? Somos realmente menos capazes fisicamente? Por que temos que fazer, sozinhas, o trabalho doméstico? Por que as tarefas domésticas são 'coisa de mulher'? Por que mulheres ganham menos que homens? Por que as mulheres sofrem com a violência só por serem mulheres? 

Entender nossa história é importante para que conheçamos fatos e a partir destes é possível reconstruir o futuro. Há tempos que, nós, mulheres, estamos no segundo plano da sociedade, subjugadas, envoltas de mitos e ideologias que nos fazem inferiores que os homens.

Para desconstruir esta realidade que nos foi dada como única possível, precisamos nos situar historicamente. Aqui, vamos sugerir alguns livros que nos fizeram entender melhor a situação da mulher na sociedade de classes. Espero que façam vocês refletirem também.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Chegou o jornal "O Martelo". Ferramenta dos trabalhadores na luta contra os patrões e governos.









CHEGOU O JORNAL “O MARTELO”: A FAVOR DOS TRABALHADORES, CONTRA OS PATRÕES E OS GOVERNOS
O Brasil, como o resto do mundo, está em crise e em nossa região não é diferente. Os patrões jogam a crise nas costas dos trabalhadores com demissões, arrocho salarial e corte de direitos, enquanto ficam cada vez mais ricos.
Para esconder esta realidade, a burguesia compra os jornais, rádios e TVs, que só dizem mentiras para os trabalhadores. Por isso, precisamos ter um jornal para “martelar” a verdade da exploração e da humilhação que sofremos no dia a dia. É para isso que criamos o jornal O Martelo.
Precisamos que VOCÊ, trabalhadora e trabalhador, envie para nós denúncias e notícias do que acontece nas empresas, bairros, serviços públicos, transporte, etc de nossa região de Taboão, Embu, Itapecerica e Embu-Guaçú, manteremos as pessoas em sigilo.
Envie suas denúncias e sugestões para o email: omartelo.jornal@gmail.com

Veja a primeira edição do jornal acessando:
http://issuu.com/martelojornal/docs/p1
E no Facebook: 
https://www.facebook.com/O-Martelo-151862898508290/

domingo, 29 de novembro de 2015

Diretorias de Ensino: burocracia a serviço de Alckmin



Por W. Ioffe – professor da Rede Estadual de Ensino de São Paulo

O governo encarregou diretamente as Diretorias de Ensino de aplicar a Reorganização Escolar. Dirigentes e supervisores (as) se empenharam em fazer passar a proposta do governo na íntegra.
Na Diretoria de Taboão e Embu, a dirigente Mercês Bighetti foi obrigada a receber as comissões de representantes devido à grande força das manifestações que tomaram a BR 116 e as ruas centrais de Taboão e Embu. Nas várias reuniões que foram realizadas, a dirigente usou a tática da enrolação, apresentando slides, estatísticas e argumentos para tentar iludir os representantes de estudantes, professores e comunidade de que a reorganização seria boa para a Educação. Todavia, suas propostas foram sendo desmascaradas uma a uma pela argumentação dos representantes do movimento.
Já na Diretoria de Itapecerica, sob a direção de Reinaldo Inácio, a ordem foi baixar a repressão sobre os professores, estudantes e pais para tentar inibir as manifestações. Esta repressão ocorreu principalmente nas escolas mais mobilizadas. Na Escola Estadual Antônio Florentino, no Jardim Jacira, o professor Alex, que é membro suplente da Executiva da Subsede, foi ameaçado pela vice-diretora e pela supervisora da escola de ser processado pelo fato de estar organizando as manifestações junto com os estudantes e a comunidade escolar. Mas, o tiro saiu pela culatra, porque o professor recebeu total apoio dos estudantes, pais e mães. Na Escola Estadual Asa Branca, os professores Christian e Fátima, representantes de escola da Apeoesp, também foram ameaçados pela direção e os cartazes e materiais da Apeoesp foram retirados da sala dos professores.
Os burocratas das diretorias de ensino e alguns diretores de escola se esforçam para dividir o movimento, tentando colocar os estudantes contra os professores e contra a Apeoesp, incentivando a despolitização da juventude e que devem ser comportados e dóceis diante do governo e seus representantes.

Cargos de confiança do governo

Havia muita expectativa da parte dos estudantes, pais e mães de que os dirigentes de ensino de Taboão/Embu e de Itapecerica ficassem ao lado da comunidade escolar e levassem suas reivindicações ao governo. Mas, esta expectativa foi frustrada. A experiência demonstrou que estes dirigentes e seus supervisores são meros burocratas nas mãos de Alckmin e Hermann, meros instrumentos para a aplicação de políticas autoritárias como a Reorganização Escolar. Isso acontece porque a maioria deles ocupam cargos de confiança do governo, não são representantes da comunidade escolar, mas sim do governo que os nomeia. O mesmo ocorre com as direções de escola, que também mostraram sua impotência ou conivência com a política anti-Educação do governo. 

A experiência desta luta mostra que os diretores de escola devem ser eleitos pela comunidade escolar e não nomeados pelo governo. Só assim poderão representar a comunidade e suas reivindicações. 

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Antônio Florentino: Escola modelo de repressão, autoritarismo e empenho na aplicação da reestruturação de Alckmin/Herman

A gestão da escola Antônio Florentino não respeita a democracia do Conselho de Escola desde sempre. Assim como o Governo Alckmin, é um grande exemplo do autoritarismo, repressão e perseguição àqueles que lutam.



Repressão e perseguição ao movimento que está lutando contra a reestruturação

Após um ato que ocorreu no dia 09/10/15, em que estavam presentes cerca de 30 pais, estudantes e professores da Escola EE Antônio Florentino, em Itapecerica da Serra, representando uma parte considerável do total dos manifestantes, a Vice-diretora chamou a supervisora de ensino, alegando “estar preocupada com a segurança dos alunos” que estavam indo à manifestação.


“Isto é, uma evidente contraofensiva ideológica e intimidação dirigida àqueles que estão lutando contra os ataques que cerceiam o direito de tod@s a ter uma educação pública de qualidade.”

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Contra a reorganização em ciclos da rede estadual de ensino de São Paulo

O Brasil está inserido em uma grave crise econômica e social, com inflação e desemprego aumentando. Para sair desta, o governo do estado de São Paulo está aplicando o mesmo receituário que muitos governos estaduais e o governo federal. Esta receita passa pela retirada dos direitos da classe trabalhadora, ajustes fiscais com corte de verbas da área social (especialmente da educação) e precarização do trabalho dos funcionários públicos.

Se o governo federal no começo de 2015 retirou cerca de 1/3 da verba da educação (cerca de 7 bilhões de reais), o governador Alckmin no começo de 2015 cortou cerca de 1,2 bilhões de reais.



quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Vamos derrotar o golpe do Alckmin!

A juventude está voltando às ruas como fez em 2013, só que agora mais consciente e mais organizada. Estamos fazendo tremer novamente os muros do poder corrupto e autoritário.

O governo Alckmin, seguindo o exemplo de Dilma, está jogando a crise nas costas dos trabalhadores e da juventude, cortando os investimentos públicos para encher os bolsos dos banqueiros e corruptos.

        Esta é a verdadeira explicação para a tal “Reorganização Escolar”: cortar verbas e piorar ainda mais a Educação Pública.Este é mais um golpe do governo e da burguesia contra nós, junto com o desemprego, a inflação, os aluguéis caros, os ônibus lotados, a falta de espaços culturais, de esporte e de lazer, a violência policial que mata jovens todos os dias, principalmente do povo negro.