Por W. Ioffe – professor da Rede Estadual de Ensino de São Paulo
O governo encarregou diretamente
as Diretorias de Ensino de aplicar a Reorganização Escolar. Dirigentes e
supervisores (as) se empenharam em fazer passar a proposta do governo na
íntegra.
Na Diretoria de Taboão e Embu, a
dirigente Mercês Bighetti foi obrigada a receber as comissões de representantes
devido à grande força das manifestações que tomaram a BR 116 e as ruas centrais
de Taboão e Embu. Nas várias reuniões que foram realizadas, a dirigente usou a
tática da enrolação, apresentando slides, estatísticas e argumentos para tentar
iludir os representantes de estudantes, professores e comunidade de que a
reorganização seria boa para a Educação. Todavia, suas propostas foram sendo
desmascaradas uma a uma pela argumentação dos representantes do movimento.
Já na Diretoria de Itapecerica, sob
a direção de Reinaldo Inácio, a ordem foi baixar a repressão sobre os
professores, estudantes e pais para tentar inibir as manifestações. Esta
repressão ocorreu principalmente nas escolas mais mobilizadas. Na Escola
Estadual Antônio Florentino, no Jardim Jacira, o professor Alex, que é membro
suplente da Executiva da Subsede, foi ameaçado pela vice-diretora e pela
supervisora da escola de ser processado pelo fato de estar organizando as
manifestações junto com os estudantes e a comunidade escolar. Mas, o tiro saiu
pela culatra, porque o professor recebeu total apoio dos estudantes, pais e
mães. Na Escola Estadual Asa Branca, os professores Christian e Fátima, representantes
de escola da Apeoesp, também foram ameaçados pela direção e os cartazes e
materiais da Apeoesp foram retirados da sala dos professores.
Os burocratas das diretorias de
ensino e alguns diretores de escola se esforçam para dividir o movimento, tentando
colocar os estudantes contra os professores e contra a Apeoesp, incentivando a
despolitização da juventude e que devem ser comportados e dóceis diante do
governo e seus representantes.
Cargos de confiança do governo
Havia muita expectativa da parte
dos estudantes, pais e mães de que os dirigentes de ensino de Taboão/Embu e de
Itapecerica ficassem ao lado da comunidade escolar e levassem suas
reivindicações ao governo. Mas, esta expectativa foi frustrada. A experiência
demonstrou que estes dirigentes e seus supervisores são meros burocratas nas
mãos de Alckmin e Hermann, meros instrumentos para a aplicação de políticas
autoritárias como a Reorganização Escolar. Isso acontece porque a maioria deles
ocupam cargos de confiança do governo, não são representantes da comunidade
escolar, mas sim do governo que os nomeia. O mesmo ocorre com as direções de
escola, que também mostraram sua impotência ou conivência com a política
anti-Educação do governo.
A experiência desta luta mostra
que os diretores de escola devem ser eleitos pela comunidade escolar e não
nomeados pelo governo. Só assim poderão representar a comunidade e suas
reivindicações.
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