Nota do PSTU
“Rebelião” na Câmara de Taboão da Serra:
crise no “balcão de negócios”
A imprensa
local anunciou como a “crise que mudará os rumos e o
futuro da cidade” a “rebelião” na base de apoio do prefeito Fernando
Fernandes (PSDB) na Câmara Municipal de Taboão
da Serra. Quatro vereadores da base governista de FF fizeram um acordo com a “oposição”,
formando o “grupo dos 7” para apoiar a candidatura do vereador
Marcos Paulo (PROS) à presidência da Câmara e eleger a Mesa Diretora,
contrariando a vontade do prefeito que queria que sua base votasse unida.
Mas, apesar do
estardalhaço da imprensa, os próprios “rebeldes” já se adiantaram a dizer que não
se trata de nenhuma ruptura com o governo de FF, mas simplesmente um acordo
para compor a mesa que irá administrar o Legislativo. Em outras
palavras, não é nenhuma “causa nobre” que move os
vereadores “rebeldes”, mas apenas uma manobra para se
posicionar melhor na gerência do “balcão de negócios” que é a Câmara Municipal.
Os “rebeldes”
governistas se queixam de “serem tratados com desdém
em algumas situações internas”, uma típica queixa do chamado “baixo
clero”, termo criado pela imprensa para qualificar os deputados da Câmara
Federal que têm menos poder e menos prestígio no Congresso, e que vez por outra se
juntam para chantagear o governo e impor melhores condições de
barganha de seus votos nas leis em tramitação no legislativo.
Portanto, um
aviso aos navegantes: não se deve esperar do “grupo
dos 7” nenhuma postura independente de FF no que toca à
aprovação de leis na Câmara e mesmo ao cumprimento da Lei Orgânica
do Município, como, por exemplo, a data base do funcionalismo municipal
em 1º de maio, desrespeitada pelo Executivo e pelo Legislativo há
dezenove anos. Apesar de FF se dizer “traído” pelos “rebeldes”, tudo indica que a submissão
da Câmara ao prefeito continuará.
Cortina de fumaça
A disputa pelo poder entre os políticos profissionais da Câmara acaba cobrindo com uma
cortina de fumaça os
verdadeiros problemas que interessam aos trabalhadores e à maioria da população taboanense.
Como ficará o
contrato de concessão
de transporte coletivo com a empresa Pirajuçara, que presta péssimos
serviços à população? Já se sabe que estão tramando nas costas do povo o
aumento das tarifas de ônibus.
Que providências os vereadores
tomarão em relação à crise no setor de Saúde e o contrato da prefeitura
com a SPDM (Sociedade Paulista para o Desenvolvimento da Medicina) de mais de
300 milhões de reais? Apesar de
receber estes recursos públicos
milionários a SPDM não consegue sequer prover os
postos de saúde
e o Hospital Geral de Pirajussara com talheres para os pacientes comerem e
demitiu vários funcionários do Pronto Socorro Antena,
entre outras barbaridades que pratica diariamente com usuários e funcionários. Na Educação, as professoras amargam três anos sem reajuste salarial e os
demais setores (ADIs, ADEs e Inspetores) não
têm reajuste há dezenove anos; as ADIs sofreram
o golpe do não
reenquadramento como professoras. Enquanto as condições de trabalho na Educação pioram, a empresa Planeta
Educação segue recebendo cerca
de 2 milhões de reais mensais para
prestar serviços
cuja relevância educacional é questionada pelas profissionais
do setor.
O primeiro
teste para os “rebeldes” será a votação do Orçamento Municipal de 2015, fixado em 733
milhões de reais. O funcionalismo municipal, através
de suas organizações de luta, a Atraspacts (Associação dos
Trabalhadores da Prefeitura, Autarquias e Câmara de Taboão da Serra) e
o Comando de Mobilização do Funcionalismo, protocolou
documento na Câmara solicitando uma reunião para obter informações
sobre o provisionamento de recursos para pagamento de reajuste salarial e
outros direitos do funcionalismo, como o vale/auxílio transporte, mas, até
agora não foram recebidos pelos vereadores de nenhum dos blocos.
Tudo isso
sinaliza que em relação às leis que deveriam beneficiar os
trabalhadores da cidade, em particular ao funcionalismo municipal, segue em
vigor o padrão autoritário de sempre: desconhecimento das
entidades sindicais, perseguição às lideranças e falta de cumprimento da própria
Lei Orgânica do município. E também não
deve mudar a politica de beneficiar com recursos públicos as
empresas financiadoras das campanhas eleitorais dos partidos de ambos os
blocos, “rebeldes” e “fiéis” a FF, que disputam a gerência
do “balcão de negócios” da Câmara.
O
papel lastimável da “oposição” do PT, PC do B e PSB
Se a manobra
dos “rebeldes sem causa” revela-se apenas uma farsa parlamentar,
o papel da “oposição” teve lances cômicos, se não
fossem trágicos seus resultados para a vida dos trabalhadores que esta “oposição”
diz representar. A julgar pelas declarações veiculadas pela imprensa, o vereador
do PT, Professor Moreira, teria declarado que “ficou quieto” em relação
à
eleição da mesa diretora da Câmara, até que foi procurado pelo “time”
de Marcos Paulo, que ele considerou “mais viável”. Pior foi o vereador Luis Lune, do PC
do B, que teria declarado que seu partido “não tem problema com o PSDB”,
que ele “sempre votou com o governo em quase todos os projetos”
e que não teria problema em “estar no governo” de Fernando
Fernandes!
Estas declarações
apenas confirmam o que temos visto no dia a dia da Câmara: via de
regra, a “oposição” do PT e do PC do B “fica
quieta” quando recebe um “cala a boca” dos
vereadores fernandistas, que têm apenas o trabalho de lembrar aos
senhores Moreira e Luni que seus partidos governaram a cidade durante oito anos
como coadjuvantes do famigerado Doutor Evilásio Farias (PSB), que deixou Taboão
em estado lastimável no final do seu mandato, abrindo caminho para a volta
triunfante da direita.
Esta “oposição”
do PT, PC do B e PSB “sempre vota os projetos do governo”
porque na verdade não tem diferenças
fundamentais com a política do PSDB de arrocho salarial, corte
de direitos, perseguição aos trabalhadores e negociatas
corruptas entre políticos e empresários. Basta
ver o que estes partidos estão fazendo no governo Dilma, como, por
exemplo, na política de sucateamento e privatização dos Correios, de arrocho salarial e
cortes de direitos dos servidores públicos federais, de repressão
às
greves e perseguição aos trabalhadores, e também os inúmeros casos de corrupção
que culminam agora no escândalo da Petrobras.
A
verdadeira rebeldia e oposição
está sendo feita pelos trabalhadores
A verdadeira
rebeldia que está mudando os rumos da cidade e a verdadeira oposição
ao governo autoritário e antipopular de Fernando Fernandes
está sendo construída nas lutas dos trabalhadores e
trabalhadoras, principalmente dos movimentos por moradia popular e dos funcionários
públicos
municipais. O funcionalismo realizou neste ano uma greve de 20 dias que foi duramente
reprimida pelo governo com a conivência dos vereadores governistas (tanto
os “rebeldes” como os “fiéis”): quatro grevistas das secretarias de
Assistência Social e Manutenção foram transferidos dos seus locais de
trabalho e a professora Sandra Fortes enfrenta um processo calunioso movido
pelo prefeito.
As sementes
destas lutas estão dando frutos e prenunciam que 2015 será
um ano de lutas dos trabalhadores em defesa de seus salários e
direitos, em defesa do direito de greve e de manifestação e contra o
assédio moral, a repressão, o machismo e o racismo impostos pelo
governo.
A crise na base
governista, mesmo que motivada por interesses políticos mesquinhos, mostrou que Fernando
Fernandes não é um prefeito onipotente. O que não
deixa de ser um alento para as lutas que virão.
O PSTU estará
como sempre ao lado dos verdadeiros e verdadeiras rebeldes que possuem uma
causa justa: a conquista de dias melhores para o trabalhadores através
da luta e da organização do povo explorado e oprimido.
Partido
Socialista dos Trabalhadores Unificado – 14/12/2014
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